o que não mata, fortalece.

Ontem depois de ter deitado umas quantas lágrimas e de ter feito um texto que exprimiu tudo o que sentia naquele momento, parei , sentei-me e comecei a reflectir sobre ti. Olhei para o lado, e em cima da mesa de cabeceira estava a tal pulseira. Aquela que tive que tirar , para me tentar "despedir" da preocupação que tenho por ti. É só um inicio de um objectivo que tenho que alcançar. Apenas diz "look after you". Diz tudo. Resume-se a tudo. Mas como disse, notei que ela estava ao contrário. Dirigi-me para lá para a endireitar , e as lágrimas começaram-me a cair como nunca. Comecei a reviver todos os momentos , sem sair do mesmo lugar. Como um "dejávu". Vi tudo a passar à minha volta. Levantei-me e dirigi-me à janela. Abria-a e imaginei a noite de 5 de Março, não me esqueço. Como se estivesses lá tu , outra vez. A chamar por mim e a pedir-me para descer e para ir ter contigo. Para ai, me perder nos teus braços e nunca mais te largar. Mas eu disse que não podia, naquele dia foi o que aconteceu. Talvez se eu tivesse ido, as coisas tivessem sido diferentes entre nós. Talvez neste momento não estivesse a escrever este texto que deprime qualquer um. Mas talvez tivesse a escrever uma história de amor.

Foi isso e muitas mais coisas em que pensei ontem. Mas uma coisa que sei é que o nosso destino já foi escrito. Não estamos agora, neste momento juntos porque "alguém" quis assim. Neste caso o destino. Ele não nos fez um para o outro. Apenas nos juntou e nos separou para ambos aprendermos a lidar com feitios diferentes. A mim serviu para crescer um pouco. A ti não sei, se calhar foi só um passatempo.

O destino já está escrito desde que cá estou. Ele decidiu por si mesmo aproximar-nos e depois subitamente , afastar-nos para ambos aprendermos algo e sobretudo crescermos.

Já sofri muito por ti , mas sabes que mais ? o que não mata, fortalece. Cada vez me sinto mais forte e mais preparada.

Já não me faz tanta diferença ignorar-te, já não me faz tanta diferença fingir que não te ouço a chamar o meu nome, já não me faz tanta diferença estares ao meu lado e não te poder abraçar, já não me faz tanta diferença estares a minha frente a olhar para mim ,e eu ter que virar costas para não ceder nesse teu olhar. As coisas mudam. E é assim que tem que ser. Tudo tem um fim, tu não és excepção. 

Hoje, foi o teu ultimo dia na minha escola, foi o ultimo dia em que te vi sentado a olhar para mim num daqueles bancos no meio daquela escola, foi o ultimo dia que paras-te só para olhar para mim em frente ao portão, foi o ultimo dia que te ouvi chamar o meu nome a propagar-se por aquela escola a dentro.

De certo que não vai ser a ultima vez que te vou ver, haverá mais vezes. Mas não vou ver com tanta frequência. Já não vais ser a primeira pessoa em que reparo assim que chego à escola, já não vais ser a primeira pessoa a gritar o meu nome assim que me vez , já não vais ficar a seguir-me por entre aquelas salas. A (nossa aula), acabou ontem. Foi o ultimo dia. Tal como hoje foi o ultimo dia que te vejo lá dentro, ou talvez não. 

Agora com tudo isto, vamos-nos afastar. Vamos deixar de falar definitivamente e só nos vamos cruzar raramente. Vou deixar de ver a tua imagem ao fundo sempre com aquele tique no cabelo que muito gostas tu de ter. Vou deixar de te ver a olhar para mim intensamente. E os sorrisos ? esses acabaram. Porque este afastamento todo vai servir para isso. Para ambos nos abstrair-mos. Embora eu já saiba o teu esquema , que é o seguinte ; ter uma na mão, uma como garantia. Eu fui a escolhida. O alvo mais fácil. Fui eu a escolhida para ser uma boneca nas tuas mãos. Fui eu a escolhida para sofrer e aguentar tudo de ti. Mas e se a boneca ganhar vida ? ai o teu esquema perde o poder e tu perdes o controlo do jogo. O problema é esse. E acredita que não me deves conhecer assim tão bem quanto pensas.